Carta de amor aos mortos estava na minha lista de "leituras de prazer" há muito tempo. Infelizmente, com a faculdade, e minhas obrigações profissionais, é muito difícil ler algo por puro prazer ou só por curiosidade. A maior parte das minhas leituras são por estudo, o que na maioria das vezes, acaba me dando prazer, porque adoro estudar, mas vocês entenderam. Não sou eu que escolho minha lista de livros para devorar.
Mas eu tento, fiz esse acordo comigo mesma há algum tempo, separar um livro para ler antes de dormir. Um livro mais leve, que eu não precise bater tanta cabeça, para ler na cama e ir "baixando a bola". Eu tento não escolher um livro ruim, afinal de contas, meu tempo já é tão curto, que poxa, não posso gastar com algo que não vou gostar, mas também não pode ser tão bom assim, se não viro a noite lendo. E isso quase aconteceu várias vezes com Carta de amor aos mortos.
Adorei o título desse livro, achei a capa belíssima, e gostei mais ainda de saber que era da Seguinte, selo juvenil da companhia das letras. Comprei baratinho numa promoção supimpa, e comecei a ler, assim, como quem não quer nada.
O livro tem um ar bem despretensioso que eu adoro. A protagonista Laurel começa a escrever cartas para mortos célebres como Amy Whinehouse, Kurt Coben, Janis Joplin, e etc. após sua professora passar um trabalho que era escrever para alguém que já tivesse morrido.
As cartas deram duas experiências para a leitura que eu gostei bastante. A primeira é ir descobrindo a história aos poucos, através das pequenas revelações que as cartas fazem, ir juntando as pecinhas até formar o quebra-cabeças todo. E a outra foi pesquisar as pessoas para quem ela escreve. Os mais famosos não precisei pesquisar, mas havia vários nomes que eu não conhecia, então acabei descobrindo várias coisas novas. Atores, músicos e outros profissionais que eu não conhecia. E nem preciso dizer que amo conhecer coisas novas, né? Ainda não descobri nada que me empolgue mais que conhecimento.
E foi exatamente por isso que Carta de amor aos mortos foi um péssimo livro de dormir, porque o que acontecia é que eu não dormia, mas isso é bom pra ele. A maioria dos meus livros de dormir não ganha espaço aqui no blog.
A Laurel é uma adolescente fascinante, misteriosa, que vai entregando seus segredos e medos aos poucos. Suas amigas são apaixonantes na mesma medida, eu queria conhecer as três. Laurel mora com o pai e perdeu sua irmã mais velha há pouco tempo, e todas essas dores que estão na sua vida só a tornam mais interessante.
Sou uma leitora muito chata, tenho consciência disso, sou muito exigente, muito crítica Às vezes fico em crise pensando se eu como leitora ia gostar dos meus próprios livros, mas é melhor não ficar pensando muito nisso, se não, não escrevo mais nada. Rs!
Na mesma medida que amo livros juvenis, detesto vários. Não gosto de livros juvenis que tratam das questões de crescer como bobagens, com futilidade, de forma superficial. Como se ser adolescente fosse ter namoradinhos, fofoquinha com as amigas e etc. Fico feliz de ver como a literatura juvenil está em ascensão, isso é uma glória e motivo de muita festa, mas, ao mesmo tempo, muitas dessas coisas que estão em alta, eu detesto! Enfim... Sou chata, como eu já disse. Rs! Mas um bom livro juvenil me deixa nas nuvens. E eu amo ser surpreendida, adoro estar errada.
Me envolvi tanto com a história de Laurel que eu mesma comecei a escrever cartas aos meus mortos amados, e recomendo a todos, é um ótimo exercício de terapia e auto conhecimento. Além de ser uma delícia! Você realmente tem a sensação de que está falando com aquela pessoa.
Não adianta, não vou entregar a história de Laurel. Eu adoro saber o que acontece no final, mas a maioria das pessoas não, então vou só adiantar que é comovente ver a trajetória dela e de seus amigos no desafio de crescer. As questões de vida e morte, sexualidade, a descoberta do amor, família, escola, faculdade, futuro, e todas essas transformações difíceis e fundamentais da adolescência, são tratadas de maneira direta e forte, e por outro lado, com tanta sensibilidade e doçura.
Laurel é extremamente doce, meiga, e apesar de todas as suas descobertas de bebida, drogas, sexo, e etc. ela é muito ingênua. Acho que é isso que mais me conquistou na personagem.
Na capa tem uma declaração elogiosa do Stephen Chbosky, autor de As vantagens de ser invisível. Achei muito pertinente, porque lendo esse livro tive a mesma sensação de quando li as Vantagens. Os dois são livros surpreendentes, que falam sobre os desafios de crescer sem filtros cor de rosa, de maneira muito realista, e ao mesmo tempo, de forma muito meiga. Recomendo os dois para todas as idades. E, se eu fosse professora de adolescentes, usaria os dois para leitura crítica.
Não conheço a autora do livro, Ava Dellaira, mas vou procurar mais coisas dela.
Enquanto isso, você pode aproveitar que Carta de amor aos mortos está com 40% OFF na Saraiva. Clique aqui e confira!
Se vocês se interessarem em saber outros livros juvenis que amo, está aqui a listinha:
- As Vantagens de ser invisível
- Minha irmã mora numa prateleira
- A mocinha do mercado central
E vocês, tem algum livro juvenil para me recomendar?
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